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Thursday, July 26, 2007

Castelhão, Vilar de Mouros

Santuário rupestre
em Vilar de Mouros





Defender o património arqueológico não é tarefa fácil.Há organismos que o tutelam: mas o desconhecimento, real ou procurado, põe-no em risco. Têm estado na primeira linha de defesa do Património Arqueológico de Caminha instituições locais, a CMC cremos que em primeiro lugar, a COMDECA e a COREMA. Compromissos, interesses confessáveis e inconfessáveis, subavaliação de danos confrontados com mais valias pretendidas, ignorando soluções possíveis, silenciando vozes de protesto de preferência ao diálogo entre todos os que querem o melhor para Caminha, usando e abusando do facto consumado na velha filosofia de que "burro morto, cevada ao rabo", ... vão pondo em risco monumentos cuja perda se lamentará.

Vem isto propósito de um santuário rupestre. recentemente descoberto, em Março de 2006, em prospecção de Cândido Verde, que não é único no Concelho (há vestígios de outro, também em Vilar de Mouros), com certos paralelismos ao santuário rupestre de Panóias (Vila Real), com a particularidade de se encontrar dentro de um castro mineiro, assinalado por estruturas domésticas castrejas de planta circular, e com paralelos conhecidos e em estudo dentro e fora do país.
Castelhão é o nome do sítio, topónimo sugestivo e que indica estar-se na presença de pequeno castro. Fica em frente de Soutelo, lugar com petróglifos de grande interesse e em ambiente do Bronze Final pelo achado de machados de talão e argola dupla nas redondezas.


Coordenadas: 41º53' 11'' N; 08º 46' 13'' W, MG.
Foi o sítio arqueológico preservado do impacto da A28, cremos que devido aos alertas da COMDECA às Instituições competentes e por cuidados havidos pelos construtores, que demonstraram notório respeito pelo Património.
A A28, a W, passa a grande profundidade na sua periferia, ficando garantido o acesso às insculturas rupestres.

Recentemente, uma equipa que está a realizar o levantamento, estudo e classificação, promovendo a divulgação da arte rupestre do Baixo Minho, em fase de publicação, constituída por elementos da COMDECA e recém licenciadas pela UP, fez o levantamento deste santuário, como aliás já o fizera no Monte de Santo Antão, onde há situações de grande interesse arqueológico.

Cuidadosamente registadas, no Castelhão, Vilar de Mouros, as insculturas principais constituem um conjunto de 12 cavidades associadas, de planta quadrangular que originariamente teriam tampa, a avaliar pelos vestígios de ressaltos internos, que em parte delas foram destruídos. Estão implantadas em maciço granítico contínuo numa área aproximadamente de 10,25 m X 5,40 m, em plano inclinado na direcção N/S.

Além das insculturas interpretadas como referentes a santuário, posteriormente, o sítio recebeu gravuras modernas: uma representação escutiforme das armas portuguesas, encimada de coroa e cruz, e ainda um cruciforme de divisão de freguesia ou concelho, com inscrição









Há situações paralelas deste monumento em diversos pontos do país e na Galiza, algumas publicadas e outras inéditas. Em Vilar de Mouros, no Funchal, uma situação análoga ajuda a interpretação pela conexão que tem com uma gruta, que estudo anterior demonstrou ter vestígios de ocupação romana, além de se encontrar à beira da via romana que passa pela ponte de Vilar de Mouros, em direcção ao Minho, no lugar que, na margem oposta, se chama Passage.

Santuários deste tipo, associados a grutas, relacionados com cultos orientais, nomeadamente os dedicados a Mitra, disseminaram-se no Império romano, trazidos pelos legionários.
Planta do santuário rupestre do Castelhão de Vilar de Mouros, Caminha.

Trata-se de um conjunto de 12 cavidades, uma delas inacabada, de dimensões aproximadas, dispostas agrupadas, mas irregularmente alinhadas.
Descrevem-se sumariamente como segue:


Cavidade 1 – Largura 76cm x 76cm - Profundidade 17cm - Altura 14cm até ao ressalto.
Tem ressalto de assentamento em volta, bem delineado, com duas ranhuras para prisão de grelha.
Duas fossetes estão insculturadas na parte superior e outras duas na inferior.



Cavidade 2 – Largura 77cm x 77cm – Profundidade 43cm-Altura 14cm até ao ressalto.
Vestígios de assentamento de grelha.
Posteriormente foi adicionado canal para escoamento no canto inferior direito.
3 fossetes estão insculturadas na periferia.




Cavidade 3 - Largura 76cm x 76cm.
Tem as paredes interiores do lado superior em declive,. Nas laterais há vestígios de pico Um canal de escoamento conduz a uma fossete..





Cavidade 4 - Largura 74cm x 76cm.
Tem ausência de ressaltos para suporte de grelha. Dela partem 2 canais de escoamento um de cada lado da pia. A parte superior em declive,




Cavidade 5 - Largura 74cm x 77cm – Profundidade 36cm.
O canto superior direito da parede está alargado em semi-circulo, terminando aí um canal de escoamento; do canto inferior direito parte um outro canal de escoamento.



Cavidade 6 - Largura 74cm x 75cm.
No lado superior, há vestígios de uma cruz patada de 44cm associada a uma fossete. No espaço entre a cruz e a cavidade encontra-se uma inscrição (-) C (G?) e um S ( F ?) com um ponto entre cada letra. Dela divergem três canais de escoamento. No término do canal do lado esquerdo detecta-se uma incisão triangular que aparenta ser vestígio do iniciar de outra cavidade.





Cruciforme sinalizando limites de antiga divisão de freguesia.





Cavidade 7 - Largura 78cm x 77cm - Profundidade 38cm - Altura 10cm até ao ressalto.
Lado superior muito alto, com falha para suporte de grelha. Na proximidade do inferior canto direito há uma fossete. Entre esta pia e a pia n.º 6 encontra-se uma gravura cruciforme sobre um rectângulo.


Cavidade 8 - Altura 76cm x 76cm.
Com ressalto para grelha, é muito profunda. Observam-se nas paredes marcas de pico. Entre o espaço desta cavidade e a nº 9, existem dois refegos que confluem com outros três vindos da parte superior, formando uma fossete de grandes dimensões.



Cavidade 9- Altura 76cm x 76cm - Altura de 14cm até ao ressalto.
Contíguo ao vértice inferior esquerdo passa um refego, que vai alargando e termina em quatro pequenas fossetes, posicionadas em forma de losango. A cavidade possui um ressalto para suporte de grelha.



Cavidade 10 - Inacabada. A parte inferior encontra-se apenas marcada a pico: Há vestígios de uma fossete. Não foi concluída por deficiências naturais da rocha.




Cavidade 11 - Largura 78cm x 77cm.
Vestígios de ressalto para suporte de grelha, bem visíveis devido à acentuada inclinação do rochedo. O vértice inferior esquerdo é arredondado em semi-circulo; no exterior há uma fossete média, e, próximo, três mais pequenas colocadas em forma triangular.



Cavidade 12 - Largura 76cm x 76cm.
Esta encontra-se a arrematar todo o conjunto das doze cavidades já descritas; situa-se precisamente na linha central do afloramento, no eixo de simetria. Tem a parede do lado superior muito mais alta do que a do lado inferior que é quase inexistente, ficando rasante à superfície do rochedo.


A análise da toponímia levou à descoberta do povoado castrejo, bem documentado pela presença de estruturas típicas. Está instalado num esporão, sobranceiro a uma curva apertada do Coura, dominando-o e servindo-se dele como via de escoamento de minério.
Trata-se de castro mineiro numa zona onde a exploração aurífera, embora secundária, era deveras importante, como se depreende dos registos contemporâneos de reserva de exploração.

A abundância de caciterite não passou despercebida na Antiguidade. Machados de talão do B.F. foram encontrados no lado oposto na Cavada, Aveleira; perto, na Senhora do Crasto, Góios, foi registada a presença de 300. A metalurgia do B.F e, mesmo anterior, nesta área, está sobejamente documentada por múltiplos produtos e fragmentos de moldes. Vestígios da exploração mineira antiga são ainda evidentes em cortas e velhas galerias a que se associaram instalações recentes.

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